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30/07/2010-15h02

"Minhas apostas sempre foram feitas antes do tal polvo Paul", diz vencedor do Bolão Folha

O professor universitário Anderson Deo, 36, que atua na área de Ciências Sociais, foi o vitorioso do Bolão Folha, com 940 pontos. Superando os demais 269 apostadores, ele, que não se considera viciado em futebol, o que foi confirmado pelo teste elaborado pelo 12emCampo, acompanha futebol com regularidade, independentemente da Copa do Mundo. Corintiano e natural de Santo André (SP), Deo reside atualmente em Marília e diz que não participou de nenhum outro bolão nesta Copa. Os participantes do Bolão Folha puderam apostar nos placares dos jogos a partir das oitavas de final. Confira abaixo a entrevista, concedida por e-mail ao 12emCampo:

12emCampo - Você achou justo o resultado da Copa?
Anderson Deo - Penso que o título ficou em boas mãos. Além de ser uma seleção "inédita" no seleto time dos campeões mundiais, o futebol apresentado pelos espanhóis foi de alto nível: toque de bola, habilidade e objetividade. Tudo que um bom time necessita.

Houve alguma estratégia nas decisões dos seus palpites?
Nenhuma estratégia previamente traçada! Procurei analisar o desempenho anterior das seleções. Nesse sentido, acho que deu certo, pois só errei o vencedor no jogo Argentina x Alemanha. Anotei 3 a 1 para os argentinos. Já os resultados exatos, acertei dois: Argentina 3 x 1 México, e Holanda 2 x 1 Brasil. De fato, nunca botei fé nessa seleção convocada por Dunga!

As previsões do polvo Paul tiveram alguma influência nas suas escolhas?
Minhas apostas sempre foram feitas antes de saber o "palpite" do tal polvo Paul. Só queria saber o segredo que o levou a acertar tanto!

Para qual seleção você torceu durante a Copa?
Torci pelo Brasil, mas, como tantos outros, não concordava com a arrogância de Dunga, apesar de não atribuir a responsabilidade somente a ele. Talvez o que a imprensa, de uma forma geral, não tenha demonstrado é que os responsáveis de fato são os dirigentes da CBF, que inventaram um técnico que entende muito pouco de futebol, menos ainda de marketing pessoal, e nada de relacionamento humano. Pelo futebol arte, sem burocracia, com leves sorrisos contra as caras fechadas e sisudas, torci pela Argentina, pelo Uruguai e pelo Paraguai. Na final, especialmente, pela Espanha.

O que mais marcou e o que mais surpreendeu durante a Copa?
Por mais que a mídia e o "business" internacionais tentassem camuflar, a África continua sendo um território "segregado". Além da questão étnico-racial, a desigualdade inerente ao capitalismo produz cenas bárbaras de miséria, divulgadas por alguns poucos veículos de comunicação. Em termos de futebol, surpreendeu o fato de seleções como a da França e, principalmente, a da Itália, não passarem da primeira fase.

Você tem alguma história curiosa relacionada a uma Copa?
Lembro-me da Copa de 1982. Tinha nove anos! Aquele time era mágico! Eu e meus amigos de infância nos encontrávamos após os jogos para, simplesmente, "repetirmos" as jogadas dos gols do Brasil. Em todas as peladas, tomávamos emprestados os nomes de nossos heróis. Eis que o 5 de julho de 1982 entraria para a história do futebol mundial como "o desastre do Sarriá". Após o jogo não teve futebol na rua, em frente de casa. Fomos, então, à casa de meus avós maternos. Pois, para minha surpresa, quando lá cheguei acompanhado de minha família, meu avô Amélio proferiu a seguinte frase: "Por que vocês estão tristes? Aqui na minha televisão o Brasil ganhou! Na de vocês não!?" Por um breve, brevíssimo espaço de tempo, tive a sensação de que as coisas tinham sido de outra forma. Naquele pequeno momento, o coração palpitou mais forte, na esperança de que o Brasil, de fato, tivesse vencido, e que a minha televisão tivesse transmitido o jogo errado. No entanto, uma forte gargalhada do nosso avô denunciava mais uma de suas tantas brincadeiras. Hoje me lembro desse episódio com uma certa nostalgia. Naqueles dias, o clima era de tristeza.

Na sua opinião, qual foi o balanço da Copa na África?
Eu diria que foi bom pelo fato de a Espanha ter vencido, assim como foi boa para o futebol brasileiro a nossa eliminação. Sou pelo futebol bem jogado, alegre, que faz com que o torcedor tenha os sentimentos mais confusos diante de um drible desconcertante, ou de um gol que mereça uma "placa"; bem diferente daquele proposto pela seleção brasileira na atualidade. Mas o pior aspecto desta Copa diz respeito ao nível da arbitragem. Novas tecnologias serão muito bem-vindas. Aguardemos as mudanças.

Qual a sua expectativa para a Copa no Brasil?
Com relação à Copa do Brasil, em 2014, penso que o menor problema é o futebol. Copas do Mundo são eventos que envolvem interesses econômicos e políticos dos mais diversos. Esses assuntos ocuparão as manchetes dos jornais durante todo o período pré-Copa. Ao final, infelizmente, os mesmos serão encobertos em nome do futebol. Se os recursos estivessem sob o controle e a fiscalização direta da população, talvez as coisas fossem diferentes.

11/07/2010-19h07

ESPANHA x HOLANDA

Em 2014 tem Copa do Mundo, 2016 tem Olimpíadas. Tem muito brasileiro pensando em emendar 2015. (@No_busao , no Twitter)

Pelo menos na Copa de 2014 é garantido que não vamos voltar pra casa mais cedo (@mariaelianess , no Twitter)

Tá explicado: Mick Jagger foi o diretor de arte q aprovou a criação da logo da copa do #bra 2014. (@ohhbruno , no Twitter)

Fernanda Lima disse q a marca da Copa de 2014 traduz o espírito dos brasileiros. Tá explicado pq tem a cara do Chico Xavier. (@Gabriel_Donato , no Twitter)

Feliz em viver em um mundo onde alguém um dia acordou e disse: "Vou perguntar ao polvo do aquário o resultado do jogo". (@crisdias , no Twitter)

Sempre fiz o queixo no peito e o queixo no ombro, mas a técnica da nuca nas costas não era do meu tempo. (@dada_maravilha, no Twitter)

Finalmente, o dia que estávamos todos esperando. Larissa Riquelme correndo pelada. (@RicardoOnoII, no Twitter)

Finalmente dois times se vingam da jabulani:nunca apanhou tanta a coitada (@xicosa , no Twitter)

Dilema: prorrogação pra ter menos Faustão ou termina logo pra ter menos Galvão? Perdemos de qualquer jeito. (@bqeg , no Twitter)

Sempre fiz o queixo no peito e o queixo no ombro, mas a técnica da nuca nas costas não era do meu tempo. (@dada_maravilha , no Twitter)

11/07/2010-15h46

Futebol de mesa sobrevive, mas disputa adeptos com videogame

Numa época em que os jovens preferem vestir a camisa de seus craques nos jogos de videogame, uma legião de torcedores continua fiel a uma antiga paixão nacional: o futebol de mesa.

Segundo José Jorge Farah Neto, 53, presidente da Federação Paulista de Futebol de Mesa, a disputa contra o hiper-realismo dos jogos digitais está cada vez mais difícil para os entusiastas do botão. Ou melhor, para os entusiastas do futebol de mesa, como eles mesmos definem: "Futebol de botão é brinquedinho", diz Farah.

Sua organização contabiliza quase 3.000 afiliados, incluindo clubes como Palmeiras e Corinthians, que mantêm as próprias ligas amadoras para disputar a modalidade de mesa.

Mas os mais aficionados, Farah afirma, são cerca de 400 jogadores ativos que treinam toda semana e se reúnem em churrascos para competir entre si.

Ele cita casos extremos como o de um jogador que, ao ser assaltado, pediu para que não lhe tomassem a palheta com que jogava, e de outro que, cansado de perder, colocou todo o time na geladeira --literalmente.

"O futebol de botão é um dos poucos jogos em que você pode jogar em igualdade de condições com o seu pai, com o seu avô ou com um cadeirante", defende.

Confira outros jogos e coleções ligados ao futebol

Colaboraram FELIPE LUCHETE e LUIZ GUSTAVO CRISTINO

11/07/2010-15h46

No Ludopédio, jogador vai de cartola a técnico

Na década de 70, era possível montar e administrar sua própria equipe num jogo de tabuleiro idealizado por Chico Buarque de Holanda durante seu exílio. O Ludopédio "foi criado na Itália em 69, época em que seu autor, evidentemente, não tinha mais o que fazer", escreveu ele no encarte.

"As pessoas conhecem o Chico compositor e escritor, mas pouquíssimas sabem que ele criou um dos primeiros jogos da Grow", diz o engenheiro agrônomo Airton Brisolla, 53, dono de mais de 150 jogos de tabuleiro.

Confira outros jogos e coleções ligados ao futebol

Grow/Divulgação
Ludopédio, jogo de tabuleiro criado por Chico Buarque na década de 1970
Caixa do Ludopédio, jogo de tabuleiro criado por Chico Buarque na década de 1970

Até seis pessoas podem disputar uma partida, que é dividida em duas fases. Na primeira, os participantes assumem o papel de cartolas e controlam contratos de administração, referentes a estádios e até a um terreiro de pai de santo.

Como no clássico Banco Imobiliário, os jogadores percorrem um tabuleiro, tiram cartas e fazem pagamentos ao banco.

Nessa dinâmica, compram-se atletas e formam-se times para a segunda etapa, quando acontece o campeonato nos estádios. Cartolas viram técnicos, e os cartões de jogadores negociados na fase anterior são colocados em três zonas: defesa, meio de campo e ataque.

Os participantes ficam com cartas na mão indicando lances como passes, faltas e chutes a gol. Quando o "cara ou coroa" decide quem começa, o primeiro a jogar escolhe uma delas para passar a bola. O adversário escolhe uma carta de corte para tentar contra-atacar.

Quando ocorre um chute a gol, é virada uma carta de goleiro, que revela se houve sucesso ou não. O jogo segue dessa forma, até que todas as cartas de goleiro sejam utilizadas, e a partida termina.

Para Brisolla, esse era um passatempo muito longo, que nem sempre era finalizado por ele e seus amigos no mesmo dia em que começavam. Mas o próprio encarte dizia que os jogadores poderiam brincar de diferentes maneiras, como começar a partir da segunda fase. "Aliás, as regras estão aí mesmo para serem desrespeitadas", escrevera Chico.

Airton Brisolla
Ludopédio, jogo de tabuleiro criado por Chico Buarque na década de 1970
Na segunda fase, estratégia é aplicada em lances no campo

A própria Grow decidiu simplificar. Lançou em 1982 o Escrete, versão sem a parte semelhante ao Banco Imobiliário, sem pais de santo e sem o nome pomposo que tentou traduzir no Brasil o termo "football".

Chico criou níveis de excelência e perfis para cada atleta fictício, como Jordão, que se entregou ao álcool e outro vícios e afirma estar regenerado, e Lulu, que carrega fama de "simpatizar demais com os meninos mais novos". Na opinião de Brisolla, as brincadeiras podem ter prejudicado o lançamento de outras edições. Hoje, nem Chico possui o Ludopédio, conforme informou sua assessoria.

11/07/2010-15h45

Futebol é mania no tabuleiro e fez até Chico Buarque criar jogo

Você se senta na cadeira, olha para a TV, liga o videogame e se transforma num jogador da Itália. Parece fácil com as partidas hiper-realistas do Playstation, mas já era possível antes de 1995, quando ele foi lançado.

Nos anos 80, o jogador podia escolher entre disputar partidas ou só cobrar pênaltis, no game Pelé's Soccer da marca Atari. Mas a qualidade das imagens deixava muito a desejar, e o que trazia o estádio para a sala de casa eram mesmo o clássico futebol de botão e os jogos de tabuleiro.

Um deles, o Ludopédio, foi criado por Chico Buarque e chegou às lojas em 1977. Sofisticado, o jogo exige estratégia e sorte para que os participantes montem um time, administrem recursos e ganhem campeonatos.

Saiba mais sobre as regras do Ludopédio
Nostalgia: veja imagens de itens ligados ao futebol e às antigas Copas.

Também exige tempo. O engenheiro agrônomo Airton Brisolla, 53, colecionador de jogos antigos que possui o Ludopédio, levava mais de três horas para terminar uma partida. Brisolla define o passatempo como "coisa de gênio".

Em 1982, o jogo foi relançado em versão simplificada, intitulada Escrete. Na época com oito anos, o administrador de empresas João Luiz Diegues, 36, disputava com amigos antes e depois de assistirem às partidas pela televisão.

Durante o intervalo quase não dava tempo, já que o Escrete continuava longo como o antecessor. Para o grupo, porém, a regra era inventar as próprias regras, sem respeitar fielmente o que estava no manual.

Alessandro Shinoda/30.jun.2010/Folhapress
O administrador de empresas João Luiz Diegues, 36, com o jogo Escrete, criado por Chico Buarque de Holanda
João Luiz Diegues com o jogo Escrete,
criado por Chico Buarque de Holanda

Outro antigo jogo, o Pelebol foi comercializado entre 1978 e 1981. O "jogo do rei" era semelhante ao futebol de botão. A diferença eram as miniaturas de jogadores sobre uma base redonda, movidas por "petelecos" para conduzir a bola _aliás, quase do tamanho dos jogadores.

Para o médico Rodrigo Vianna, 39, que ainda guarda o Pelebol, as peças não deslizavam com precisão no campo de flanela. Ele e seus amigos preferiam organizar campeonatos de botão, com direito até a medalhas.

Futebol de botão sobrevive, mas disputa espaço com videogame

Prática que repetiu há quatro anos, quando reuniu colegas médicos para disputar partidas. "Eram quatro médicos brincando igual crianças." Entre os 12 times que possui, Vianna cita o da Copa de 1978, com os rostos de Rivellino, Zico e outros jogadores da seleção canarinho estampados nas peças.

Figurinhas da Copa

Da infância, Vianna também guardou o álbum lançado durante a Copa de 1982 pela antiga marca de chicletes Ping Pong. "Como eu comi chiclete! Muitas das minhas cáries vieram daí."

O programador Paulo Lanzuolo, 38, ainda tem o exemplar da Ping Pong e conseguiu completá-lo em maio. Pela internet, ele encontrou outro colecionador que tinha as duas figurinhas que lhe faltavam _elas vinham envoltas nos chicletes: um jogador da Polônia e o mascote da seleção da União Soviética (bloco de repúblicas socialistas extinto em 1991).

Lanzuolo conseguiu convencê-lo a retirar as figurinhas do álbum e ainda a comprar uma cópia de seu exemplar, agora completo, por R$ 150. "O original eu não vendo por nada."

Alessandro Shinoda/11.jun.2010/Folhapress
O programador Paulo Lanzuolo e a filha Larissa, com o álbum da Ping Pong, relíquia da Copa de 1982
Paulo Lanzuolo e a filha, Larissa, com o
álbum da Ping Pong, da Copa de 1982

Colecionar álbuns também é o hobby do empresário Luiz Otávio Sorrini, 43. O interesse vem desde a infância, quando colava as figurinhas com uma mistura de farinha de trigo e água.

Ele já completou sete álbuns da Copa deste ano. A edição de 1958, que ganhou da avó, fica guardada numa caixa junto com os exemplares dos Mundiais de 1982 a 2006. "Tem que conservar, porque amanhã é história."

Conservar a história pode render lucro. Na internet, em um site de compra e venda, o álbum da Ping Pong de 1982 foi encontrado pela reportagem por R$ 300, mesmo sem três figurinhas para ficar completo. Pelebol, Ludopédio e Escrete estão fora de linha _apenas o primeiro foi encontrado no site em sua versão completa, por R$ 350.

Craques cabeçudos

Das Copas mais recentes, os minicraques da seleção brasileira, lançados pela Coca-Cola durante o Mundial da França de 1998, estão na prateleira do concierge (profissional do ramo hoteleiro) Guilherme Borges, 34.

Ele juntou tampinhas de refrigerante para conseguir os 24 jogadores cabeçudos, mais o trio formado por Dunga, Romário e Ronaldo. Com a coleção completa, passou a importar exemplares de outros países.

Borges estima que gastou R$ 4.000 com seus mais de 300 minicraques. Entre as miniaturas estão Zidane e Maradona _além de Zico, Garrincha e o raríssimo Pelé, todos eles produzidos e vendidos apenas na Europa. Nunca entraram em campo no comércio brasileiro.