Quando terminou o primeiro tempo do jogo entre Brasil e Chile, David Garcia Toledo deixou o turno no trabalho e foi para sua casa. Mas não esperava chegar antes do fim da partida, porque levaria 40 minutos para percorrer o trajeto. "Chegando em casa, já vou pegar comemoração", disse ele, prevendo a vitória brasileira.

Toledo é um dos funcionários da central de operações da CET (Companhia de Engenharia de Tráfego), localizada nos Jardins, em São Paulo, que não se importam em perder parte da transmissão do jogo, já que ganham tempo com o trânsito livre no horário das partidas da seleção. Quinze minutos antes de os jogadores entrarem em campo, às 15h15, havia 160 km de congestionamento na capital paulista. Ainda no primeiro tempo, esse índice chegou a zero.

Essa situação, típica durante os jogos, também ajudou a operadora de monitoramento Camila Marques, que iniciou seu turno pouco antes do intervalo. "Foi um dos dias em que vim mais rápido trabalhar", afirmou.

Enquanto trabalhava, Camila pôde acompanhar o segundo tempo por uma das TVs colocadas na principal sala de operações, que se somavam aos 24 televisores com imagens de ruas, túneis e avenidas de São Paulo.

Por essas imagens, somadas a um telão que mostrava o mapa da capital e o número de quilômetros congestionados, os operadores monitoravam o tráfego na cidade. Outros atendiam a ligações de pessoas que desejavam comunicar ocorrências ou solucionar dúvidas. A sala é dividida em seções, cada uma correspondente a uma região da cidade. Com o baixo índice de ocorrências, funcionários puderam dividir a atenção entre suas tarefas e os lances da partida.

Segundo o coordenador da central, Olímpio Mendes de Barros, os agentes de trânsito --conhecidos como "marronzinhos"-- até tinham permissão para assistir à TV em algum local público na sua região de trabalho. Mas a regra era clara: somente na ausência de movimento nas ruas, e sempre com o rádio ligado.

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