Vinte e sete anos depois de descobrir o Brasil, o português Pedro Álvares Cardoso estava em dúvida sobre qual seleção levaria a sua torcida no jogo desta sexta (25) --a do país de origem ou a do país adotado. Logo antes do início da partida, decidiu: "O hino bateu mais forte e dei um pouco do coração para Portugal".

Vestido com a camisa da seleção europeia, o chefe de bar acompanhou o jogo contra o Brasil trabalhando atrás do balcão do Wall Street Bar, em São Paulo. No fim da partida ficou satisfeito com o 0 a 0.

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O português Pedro Álvares torce solitário em meio a brasileiros
O português Pedro Álvares torce solitário em meio a brasileiros

Chamando mais a atenção do que o colega lusitano estava Ademir Avelino da Silva, gerente do local. Vestido com a bandeira brasileira da cabeça aos pés, a primeira coisa que disse à reportagem foi: "Hoje eu não sou só gerente, sou torcedor". Entre um prato e outro de bacalhau que oferecia aos clientes, tocava corneta e vibrava com os lances do jogo.

Na cozinha, por conta do movimento intenso, os funcionários abandonaram os celulares e o rádio e tiveram que se contentar com os gritos que vinham do salão. "Geralmente, quando o grito é mais forte a gente já vê que tá acontencendo alguma coisa boa para o Brasil", diz Erineu Duarte, encarregado de cozinha.

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Gerente de bar assume lado torcedor durante jogo do Brasil
Gerente de bar assume lado torcedor durante jogo do Brasil

Para quem estava do lado de fora, cuidando da segurança e do estacionamento, o jeito foi ver o jogo em uma TV 20 polegadas. A única vantagem em relação ao telão retrátil instalado para os clientes era a narração, que chegava antes. Só dez segundos após cada "uuuuuhhh" lá fora, ouvia-se um "uuuuuhhh" lá dentro.

Segundo Fábio Alguin, um dos sócios do bar, o primeiro jogo do Brasil, contra a Coreia do Norte, reuniu mais de 200 pessoas. Nesta sexta, o movimento foi de 130 a 150 pessoas. Mesmo assim, todos os 25 funcionários trabalharam.

Com um jogo truncado e sem grandes emoções, a surpresa ficou por conta dos clientes. "A gente não esperava que o pessoal fosse beber muito, mas quando abrimos já começaram a pedir caipirinha, logo de manhã, às 9h", conta o português Cardoso.